quinta-feira, 23 de setembro de 2021

SARGENTO GARCIA

título original: Sargento Garcia
ano de lançamento: 2000
país: Brasil
elenco principal: Antônio Carlos Falcão, Gedson Castro, Marcos Breda
direção: Tutti Gregianin
roteiro: Caio Fernando Abreu (autor do texto original) e Tutti Gregianin

Posso começar esse post dizendo que Sargento Garcia é um curta-metragem de 16 minutos, ambientado no Rio Grande do Sul dos anos 70, que conseguiu seguir muito bem os passos do conto com o mesmo nome (1982), escrito pelo falecido Caio Fernando Abreu, no qual foi inspirado.
Mas acho que o maior mérito que o filme conseguiu ter foi dar um golpe naquela generalização que vemos com frequência por parte de certas pessoas que tentam passar a ideia de que todo homossexual é igual.
Afinal, o filme mostra, ainda que rapidamente, 3 homossexuais que vivem em condições totalmente diferentes uns dos outros:
O Hermes (personagem principal) acabou de sair da adolescência e viver os problemas típicos de um gay dessa idade: a falta de amigos, as cobranças da família pra “se comportar como macho”, a incerteza em relação ao futuro... Mas dá demonstrações de que vai se tornar um intelectual no futuro.
O Sargento Luiz Garcia de Souza (que apesar de dar nome ao filme não é o protagonista da história) é um homossexual já de meia-idade, que seguiu carreira militar e que teve que se embrutecer ao longo da vida pra poder não ser pisado pelos outros. Mas que admira a cultura e a erudição, embora saiba que já chegou longe demais na rigidez e no autoritarismo dele pra agora se dedicar a essas atividades.
E a Isadora (que é a que aparece menos) é um travesti velho, que o máximo que conseguiu da vida foi se tornar dona de um motel decadente. E pra passar o tempo, ela fica fazendo poses e criando a fantasia pra ela mesma de que ela é uma diva do balé.
Mas enfim: eu disse que Sargento Garcia é um golpe num tipo de generalização que vemos com frequência porque não é novidade pra ninguém que certas pessoas, principalmente pentecostais e neopentecostais, tentam generalizar os homossexuais, atribuindo as características mais negativas possíveis a todos eles sem exceção. No falar de uma grande parte dos evangélicos, todo homossexual trabalha com prostituição, todo homossexual é pedófilo e daí pra baixo.
Bom, quando você usa a expressão “os homossexuais”, você tá se referindo a alguns milhões de pessoas espalhadas pelo planeta todo com as mais variadas classes sociais, os mais variados níveis culturais, as mais variadas idades... Enfim, tem tudo aí, menos unidade na forma de pensar e de se comportar. Não há como generalizar esse grupo.
Então, acho que o que o filme conseguiu foi retratar exatamente ESSA diversidade.
Mais informações sobre Sargento Garcia? Lá vai:


Até a próxima!

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