quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

HE-MAN E OS DEFENSORES DO UNIVERSO & SHE-RA

















título original: He-Man and the Masters of the Universe
título brasileiro: He-Man e os Defensores do Universo
ano de lançamento: 1983
país: Estados Unidos
produção: Filmation Associates Studios

título original: She-Ra: Princess of Power
título brasileiro: She-Ra
ano de lançamento: 1985
país: Estados Unidos
produção: Filmation Associates Studios

“PELOS PODERES DE GRAYSKULL! EU TENHO A FORÇA!”

Quem é que foi criança no Brasil nos anos 80 e nunca gritou essas frases enquanto brincava?
Pois é. O He-Man foi o herói preferido de 90% das crianças brasileiras daquela época... Na verdade, eu não me lembro de outro desenho animado que tenha sido lançado no Brasil depois de He-Man e os Defensores do Universo e que tenha conquistado tantos fãs quanto esse seriado, que foi o 1º em que o personagem apareceu.
Inspirado na linha de brinquedos Masters of The Universe (lançada nos Estados Unidos no início dos anos 80 e chegada ao Brasil pouco tempo depois), o seriado se passa no Planeta Etérnia, governado pelo Rei Randor, pai do Príncipe Adam. E esse não é ninguém menos do que o próprio He-Man, em sua identidade verdadeira.
Aliás, a gente passa o seriado inteiro sem entender como é que ninguém vê que os 2 são a mesma pessoa, já que os 2 têm a mesma cara, usam o mesmo corte de cabelo, carregam a mesma espada e têm tigres verdes como bichinhos de estimação (o tigre Pacato, que acompanha o Adam, se transforma no Gato Guerreiro, quando o herói se transforma no He-Man).
Pra transformar a ele mesmo e ao Pacato, o Adam só precisa tocar na espada dele (arma que ele ganhou da Feiticeira de Grayskull), quase sempre apontando ela pro Céu, e falar a tão conhecida frase mágica...
É impressão minha ou essa parte lembra um pouco O Poderoso Mightor (1967)? Não tô dizendo que seja plágio. Mas parece que houve aí pelo menos uma inspiração.
Bom, pra se transformar de volta (embora isso só tenha aparecido com detalhes uma única vez), ele usava o mesmo recurso, mas dizendo outra frase mágica:

“Que a força retorne!”

He-Man e os Defensores do Universo é, antes de mais nada, um seriado de aventura. Mas quase sempre com pitadas de comédia.
O próprio Esqueleto, vilão principal do seriado, consegue ser mais engraçado do que mau em vários momentos.
E como a gente pode se esquecer da Maligna, a feiticeira que, abaixo do Esqueleto, domina praticamente todos os outros vilões?
O desenho só perde pelo maniqueísmo: os heróis são mostrados como verdadeiros santos de altruísmo em tempo integral; enquanto os vilões são maus porque são maus, sem explicação nenhuma. E no final de cada capítulo sempre aparece um dos heróis dando uma lição de moral no público, geralmente inspirada em alguma coisa que aconteceu naquele capítulo.
O seriado teve 2 temporadas (1983 e 1984). Mas em vez de partirem pra 3ª, os produtores acharam mais interessante fazer um seriado novo, mais ou menos com os mesmos personagens, continuando a história do outro. E assim foi criado She-Ra.
Foram poucas as mudanças no estilo da história: a heroína principal passou a ser a She-Ra (irmã do He-Man), o vilão principal passou a ser o Hordak (professor de magias do Esqueleto), a história foi deslocada pro Planeta Etéria (que tem o mesmo tipo de natureza que Etérnia), aumentou um pouco a quantidade de personagens femininas tanto entre os heróis quanto entre os vilões...
Tirando isso, continuou quase exatamente a mesma coisa em termos de mentalidade e comportamento dos personagens. Inclusive, quase metade dos personagens fixos de He-Man e os Defensores do Universo voltaram a aparecer, ainda que rapidamente, em She-Ra.
Não se pode negar que também houve uma manifestação da Síndrome de Chuck Cunningham: no deslocamento da história que aconteceu de Etérnia pra Etéria, vários personagens vistos com frequência em 1983 e 1984, como a Maligna, simplesmente sumiram sem explicação.
Vale lembrar que a coisa ficou um pouco mais humorística: os amigos do He-Man ajudavam ele MESMO nos momentos mais críticos (principalmente o Gorpo, o Mentor e a Teela), enquanto os amigos mais próximos da She-Ra (embora não deixassem de ajudar do jeito deles) eram personagens mais cômicos, que se destacavam mais nas cenas de humor do seriado.
Talvez a que tivesse mais importância fosse a Madame Riso, que eu não me espantaria se alguém dissesse que foi inspirada na protagonista do seriado A Feiticeira Faceira (1965), já que ambas são o mesmíssimo tipo de personagem: uma bruxa sempre amigável e bem-humorada, que mora numa floresta acompanhada por uma vassoura mágica com personalidade própria, eventualmente atrapalhada com seus feitiços e que acaba criando pequenas confusões que ela consegue resolver de alguma forma.
Quanto ao time do mal, como já vimos, o Hordak passou a ser o suposto vilão principal, comandando uma organização perversa chamada Horda. E como é essa organização que domina a maior parte de Etéria, a She-Ra e os amigos dela na verdade são vistos como rebeldes, que tentam expulsar esse governo opressor do planeta deles.
Ah, sim... Eu disse que o Hordak é o SUPOSTO vilão principal porque, hierarquicamente, o Soberano da Horda é que é o vilão principal, enquanto o Hordak seria o vilão secundário, visto que o Soberano da Horda é o líder de todas as divisões e subdivisões da Horda em todos os planetas onde ela se encontra, enquanto o Hordak é o líder só das forças da Horda que se encontram instaladas no Planeta Etéria. Mas, na prática, o Hordak acaba funcionando como o vilão principal do seriado, já que a história se passa em Etéria.
Bom, os 5 primeiros capítulos de She-Ra explicam a migração da história de um seriado pro outro. E logo depois de serem lançados, esses 5 capítulos foram adaptados ao formato de um desenho de longa-metragem. E isso foi lançado nos cinemas, com o título de O Segredo da Espada Mágica (1985).
Até agora, o único filme com atores de carne e osso mais ou menos inspirado no seriado de 1983 foi Mestres do Universo (1987), que teve o ator sueco Dolph Lundgren interpretando o He-Man.
Em 1988, os diretores da Filmation tiveram a ideia de lançar outro seriado animado chamado He-Ro (Son of He-Man) and the Masters of the Universe, dando continuidade aos 2 seriados anteriores.
Nessa versão, com a morte do Rei Randor, o Adam se torna o novo Rei de Etérnia e se casa com a Teela, adotando um filho chamado He-Ro. E ao mesmo tempo, a Sombria, a maga da corte do Hordak, abandona a Horda, vai pra Etérnia e se casa com o Esqueleto, tendo um filho com ele chamado Skeleteen.
Passados 15 anos, os filhos adolescentes do Adam e do Esqueleto enfrentariam um ao outro, como os pais deles tinham feito alguns anos antes.
Mas os produtores acharam o roteiro meio ridículo e não se interessaram por ele. Assim, esse projeto nunca saiu do papel.
Em 1990, foi lançado um seriado que pretendia continuar a história dos seriados dos anos 80 que mostravam o He-Man. Mas tanto a aparência quanto a personalidade dos personagens foram tão alteradas que isso descaracterizou muito a história original, o que resultou num desenho que não fez lá muito sucesso...
E em 2002, decidiram fazer um remake do seriado de 1983, agora mais voltado pro público adolescente e menos pro infantil... E também menos maniqueísta.rsrs Aí as coisas foram melhores do que na tentativa de 1990.
E em 2018, foi lançado um reboot feminista de She-Ra.
Pra encerrar, uma curiosidade: tudo isso começou por causa do filme Conan, o Bárbaro (1982).
Acontece que, em 1982, a Mattel Inc. ia lançar uma linha de brinquedos inspirada em Conan. Só que o filme ficou violento demais e, consequentemente, meio inacessível ao público infantil. Assim, claro que lançar uma coleção inspirada no filme pra ser consumida por esse público era falência garantida. O que restava fazer era reformular os brinquedos que iam ser lançados, fazendo com que mantivessem o mesmo estilo, só que mais infantilizado. E assim foi lançada a já mencionada coleção Masters of The Universe.
Pra que a vendagem fosse garantida, a Mattel encomendou à Filmation a produção de um seriado com personagens inspirados nos bonecos da coleção. E em 1983, foi lançado He-Man e Os Defensores do Universo. E a partir dele, todas as outras produções que a gente viu aqui.
Mais informações sobre os 2 seriados dos anos 80? Lá vai:


E dê uma clicada aí do lado em ‘seres sobrenaturais’ que você acha posts sobre A Feiticeira Faceira, Conan e Mightor.
Até a próxima!

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