sábado, 22 de fevereiro de 2020

VÍDEO SHOW

título original: Vídeo Show
ano de lançamento: 1983
país: Brasil
apresentadores principais: André Marques, Cissa Guimarães, Miguel Falabella
direção: Ângela Sander, Cacá Silveira, Carlos Magalhães, Denise Saraceni, Eduardo Aguillar, J. B. de Oliveira, Luiz Gleiser, Mariozinho Vaz, Maurício Sherman, Renata Netto, Roberto Campos, Ronaldo Cury e Vivi de Marco

Antes da Internet se popularizar, a televisão era o grande centro das atenções dos brasileiros, até porque saber o que as pessoas famosas tavam fazendo era uma informação que se adquiria basicamente através da televisão. E saber quais eram as novidades sobre os famosos, saber quais eram os próximos programas que passariam na televisão e tudo mais que se pareça com isso era algo que interessava MUITO ao público dos anos 80...
Não que hoje o público não tenha mais curiosidade sobre fofocas com gente famosa. Mas nos anos 80 era isso que a gente vê hoje multiplicado por 1000.
Assim, apostando nesse interesse popular pela televisão, em 1983, a Globo lançou o Vídeo Show, um programa que exibia basicamente curiosidades sobre o que se passava na Globo e pelo que já tinha se passado em emissoras de televisão já extintas naquela época, como a Rede Tupi de Televisão e a TV Excelsior.
Durante seus 11 primeiros anos de existência, o programa tinha exibição semanal: de 1983 até 1987, era exibido aos domingos; e de 1987 até 1994, era exibido aos sábados.
Em 1994, o Vídeo Show passou a ser exibido ao longo da semana toda, mantendo esse tipo de exibição até o fim.
Dezenas de apresentadores e diretores passaram pelo programa, dando estilos diferentes a ele (às vezes mais cômico, às vezes mais jornalístico). Mas sempre trabalhando com a mesma matéria-prima principal: aquilo que se passava na Globo.
O apresentador que ficou mais tempo à frente do Vídeo Show foi o Miguel Falabella. E em 2 fases: ele apresentava a maior parte do programa de 1987 até 2002 e voltou pra apresentar quadros específicos de 2016 até o programa sair do ar (aliás, foi ele que fez o encerramento da última cena que foi ao ar).
A volta do Miguel foi uma tentativa da Globo de restaurar a audiência do programa, já que, entre 2010 e 2015, foi constatada uma queda de público do Vídeo Show. E a situação foi piorando mais a cada ano...
A Globo não costuma poupar programas que tão com queda de audiência. Mas o problema é que tirar o Vídeo Show do ar era prejuízo pra própria Globo: ele era o programa que mais divulgava a programação da emissora. Então, até o último minuto, tentaram manter ele.
Por fim, no final de 2018, o Vídeo Show já tava perdendo em audiência pra quase todos os programas de outras emissoras exibidos no mesmo horário. E assim, ele encerrou suas atividades em Janeiro de 2019.
Em Setembro do mesmo ano, a Globo lançou o Se Joga, uma espécie de Vídeo Show genérico. Mas esse também não anda tão bem das pernas em termos de audiência. Só que, assim como o Vídeo Show, ele é usado pela Globo pra divulgar a programação da emissora. Então, eles também vão pensar 1000 vezes antes de tirar esse programa do ar, né? Mas é provável que, daqui a não muito tempo, o resultado seja o mesmo que a gente viu com o Vídeo Show.
Mais informações sobre o programa? Lá vai:


ATENÇÃO: esse post é inédito! Não consta na Bússola do Terror!
E antes de encerrar, cabem aqui alguns comentários sobre o motivo que fez o Vídeo Show sair do ar.
A Internet atualmente está tomando o lugar da televisão em termos de popularidade, da mesma forma que, quando a televisão apareceu, ela tomou o lugar do rádio.
Caso alguém não saiba, o 1º grande veículo de comunicação de massa no Brasil foi o rádio, com vários artistas de rádio que eram extremamente populares na 1ª metade do século XX. Principalmente as cantoras de rádio.
E assim tudo se manteve até os anos 50, quando a televisão começou a se popularizar.
A partir dali, as cantoras de rádio, principalmente as mais velhas, passaram a falar da televisão com desdém, como um veículo de comunicação vulgar. Elas achavam que o rádio é que era a forma clássica de transmitir manifestações artísticas.
Mas, independente da vontade delas, a partir dali a televisão dominou.
Bom, o rádio deixou de existir por causa disso? Óbvio que não. Ele continua existindo até hoje. Mas ele se tornou um veículo de comunicação secundário comparado com a televisão.
Lá pelo meio dos anos 90, começou a se falar em Internet de uma forma mais explícita no Brasil. Mas ainda de uma forma muito superficial pra maioria do povo. Pouca gente sabia “mexer em computador”, como se dizia na época.
Além disso, a Internet daquela época era muito rústica comparada com o que existe hoje. E 99% dos celulares dos anos 90 não tinham nada parecido com acesso à Internet (funcionavam só como telefones mesmo).
Sem falar que tanto o celular quanto o computador ainda eram vistos como “coisa de rico” nos anos 90 (custavam caríssimo). Quem tinha isso em casa na maioria das vezes eram pessoas de classe média-alta pra cima.
Foi mais ou menos de 2005 pra cá que a Internet se popularizou com força mesmo no Brasil, até devido ao lançamento de modelos de computador e de celular mais baratos, permitindo que as classes mais pobres também passassem a ter acesso a isso.
E de lá pra cá, teve toda a evolução que a gente já conhece, com a Internet atraindo cada vez mais pessoas.
Então, o fenômeno que está acontecendo agora entre a Internet e a televisão foi o mesmo que aconteceu antes entre a televisão e o rádio: uma quantidade cada vez maior de pessoas, principalmente das novas gerações, que faziam uso frequente de um veículo de comunicação estão abandonando esse veículo de comunicação e migrando pra outro.
Em 2030, provavelmente o público mais assíduo da televisão vai ser formado quase só por velhos. A televisão não vai deixar de existir, mas vai virar um veículo de comunicação secundário, como o rádio.
E mesmo que você queira saber sobre fofocas de gente famosa, você encontra isso na Internet. Não precisa ver um programa de televisão pra isso.
Pois bem: no final de 2018, a Fernanda Montenegro apareceu no Domingão do Faustão e fez um discurso 100% vitimista (além de bastante egocêntrico) em relação aos atores brasileiros. E entre outras coisas, ela chamou a Internet de “terra de ninguém”, onde os internautas jogam coisas agressivas na cara dos atores brutalmente.
A rejeição dela contra a Internet não é diferente da rejeição das cantoras de rádio mais velhas contra a televisão no passado. Aliás, é exatamente a mesma coisa.
Os atores de televisão mais velhos reinaram durante décadas sobre o público brasileiro. Mas agora eles são os reis de um reino em decadência: o público quer saber cada vez mais de Internet e cada vez menos de TV aberta. E está claro que essa é a realidade que vai aumentar cada vez mais daqui pra frente.
Esse é um dos motivos pelos quais tantos atores velhos (José de Abreu, Juca de Oliveira, Osmar Prado e adjacências) andam tão ‘nervosinhos’ nos últimos tempos. Não é o único motivo, é claro. Mas me parece um dos motivos.
Mas enfim: toda essa mudança de situações de uma época pra outra demonstra bem o motivo da queda de audiência do Vídeo Show: ele era um programa 100% focado na televisão (principalmente na TV aberta). E não adianta investir num programa que é voltado pra um público que encolhe cada vez mais.
Até a próxima!

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