título original: Jô Soares Onze e Meia
ano de lançamento: 1988
país: Brasil
elenco principal: Bira, Derico, Jô Soares
direção e roteiro: Dilea Frate
Quando o Jô Soares chegou no SBT, no final dos anos 80, ele manifestou desde o início a vontade de fazer um programa de entrevistas.
O Sílvio Santos concordou, mas achou melhor ele estrear no SBT com o mesmo tipo de programa que ele tinha antes na Globo, chamado Viva o Gordo (1981). E no ano seguinte, eles veriam como seria esse programa de entrevistas.
Assim, eles lançaram em Fevereiro de 1988 o programa Veja o Gordo, que não passava de um Viva o Gordo genérico.
Em Agosto do mesmo ano, conforme o combinado, foi lançado o programa de entrevistas que ele queria, chamado Jô Soares Onze e Meia.
A princípio, o Jô ficou com os 2 programas no ar: o Veja o Gordo passava em 1 dia por semana e o Jô Soares Onze e Meia passava em 4 dias. Até que, no início de 1990, ele decidiu parar com o Veja o Gordo, pra ficar com o Jô Soares Onze e Meia de Segunda a Sexta.
Embora no título do programa constasse a expressão “Onze e Meia”, na prática os episódios do programa começavam nos horários mais variados da noite entre as 22h e as 2h.
Isso deu origem a muitas piadas, já que esse era visto como o único programa que nunca começava no horário em que tava previsto.
Quase sempre o último entrevistado era um cantor.
O programa logo passou a ser considerado um clássico entre os programas de entrevistas. Principalmente por apresentar um formato diferente dos outros programas desse tipo que tinham sido vistos no Brasil até aquela época, frequentemente mais sérios, exibidos menos vezes por semana e sempre sem plateia.
O Jô Soares Onze e Meia contava ainda com um conjunto de músicos e um garçom, que frequentemente eram abordados pelo Jô durante as entrevistas.
Apesar das novidades trazidas pelo programa, o princípio de ‘entrevistar aquele convidado específico’ nem sempre funcionava.
Em 1º lugar, porque o Jô sempre interrompia a pessoa que tava sendo entrevistada pra contar alguma situação da vida dele... Não que haja algum problema no entrevistador mencionar algum evento da vida dele durante a entrevista. Mas não é ele que tá em destaque na entrevista, e sim o entrevistado.
Aí nós chegamos talvez no problema principal do programa: o Jô nunca aceitou que o convidado se destacasse mais do que ele.
Existem várias e várias entrevistas em que ele chamou especialistas nos mais variados assuntos. E quando a pessoa em questão explicava como alguma coisa da área dela funcionava, ele interrompia a pessoa e dizia:
“Não. Isso não funciona assim. Eu vou te explicar por quê...”
Gente, venhamos e convenhamos, se eu sou um grande especialista num determinado assunto, com pós-doutorado naquele assunto (ou quase), já dei palestras e já escrevi livros sobre aquele assunto, e um leigo com mania de grandeza me interrompe e me diz uma frase desse tipo, eu vou simplesmente me levantar, sair e deixar ele falando sozinho.
O Jô tinha mania de grandeza? Não é preciso observar muito o comportamento dele pra constatar isso.
Evidentemente que eu não estou colocando em questão os conhecimentos eruditos do Jô: se você comparar o conteúdo intelectual dele com o de 99% de todos os outros artistas brasileiros, ele ganhava de longe.
Tanto que ninguém do meio artístico nunca se atreveu a desafiar ele e dizer abertamente que ele tinha feito alguma coisa errada.
Quando algum artista queria discordar de alguma coisa que ele tinha feito, primeiro fazia uma introdução com várias rasgações de seda, chamando ele de “gênio” e adjacências. E só depois, discordava timidamente do que ele tinha feito.
Entretanto, ter mais erudição e mais intelectualidade do que a grande maioria das pessoas não significa que você sabe TUDO melhor do que TODOS. E me parece que ele acabou chegando exatamente a essa conclusão sobre si mesmo.
Inclusive, quando ele dava alguma explicação errada e o convidado respondia provando que a explicação dele estava errada, acabava a entrevista: ele passava o resto do tempo só sacaneando a pessoa e debochando da pessoa. E com bastante exagero.
A não ser, é claro, quando ele estava entrevistando alguma pessoa do alto escalão da sociedade.
Se alguém tem alguma dúvida disso, podem procurar na Internet que vocês acham facilmente entrevistas do programa. É só ver as entrevistas prestando atenção no que eu disse aqui.
Então, por tudo isso, muitas vezes o entrevistado era deixado em 2º ou 3º plano. Mas o programa não deixou de ter seus fãs por causa disso.
Foi exibido pela última vez em 1999, quando o Jô saiu do SBT e voltou pra Globo.
Mais informações sobre o Jô Soares Onze e Meia? Lá vai:
ATENÇÃO: esse post é inédito! Não consta na Bússola do Terror!
Até a próxima!
Brasil 2024: tempo de pensar no que é melhor pra sua cidade.
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