terça-feira, 8 de novembro de 2022

BABILÔNIA

título original: Babilônia
ano de lançamento: 2015
países: Brasil / Emirados Árabes / França
elenco principal: Adriana Esteves, Camila Pitanga, Glória Pires
direção: Dennis Carvalho e Maria de Médicis
roteiro: Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares

A novela Babilônia (que teve cenas gravadas no Brasil, Emirados Árabes e França) ficou no ar entre Março e Agosto de 2015, totalizando apenas 5 meses de exibição e sendo uma das novelas globais com menor audiência que já existiram.
De acordo com alguns grupos pentecostais e neopentecostais, a novela foi rejeitada pelo público por conter personagens homossexuais, já que o povo brasileiro é conservador e não aceita ver nada parecido com isso sendo mostrado numa novela...
Honestamente e com toda a sinceridade, essa explicação é o mesmo que dizer que 2 + 2 = 5. Não faltam novelas anteriores que tiveram personagens homossexuais e não sofreram nenhuma queda de audiência por causa disso. Basta lembrar o personagem Félix da novela Amor à Vida (2013), que começou como um vilão, foi perdoado pelo público e terminou até sendo ovacionado!
O que provocou a decadência de Babilônia é que o roteiro era ruim mesmo.
Eu admito que não vi a novela toda (já faz mais de 10 anos que não vejo mais nenhuma novela do 1º até o último capítulo). Mas dentro do que eu vi e levando em conta o que li na Internet e ouvi de comentários de pessoas que viram a novela toda, ela se limitou praticamente a mostrar as maldades recíprocas das vilãs Beatriz e Inês (interpretadas respectivamente pelas atrizes Glória Pires e Adriana Esteves), que queriam destruir uma à outra. Parece que a história não se desenvolveu muito além disso. Em termos simples: não decolou.
Então, qual é o motivo do ‘ataque evangélico’ contra a novela usando a homossexualidade como justificativa?
Bom, em 1º lugar, não é nenhuma novidade ver evangélicos usando a homossexualidade como justificativa pra atacar o que quer que seja. Converse com qualquer pentecostal ou neopentecostal que você tem 95% de chance de ouvir frases de ódio exacerbado deles contra esse assunto. Pentecostais e neopentecostais não se limitam a não concordar com a homossexualidade: eles têm um ódio obsessivo contra todos os assuntos relacionados a esse tema.
Por que o Jair Bolsonaro ainda tem tanto apoio dos evangélicos? Simples: porque o ódio patológico e doentio dos evangélicos contra os homossexuais encontra eco nos discursos bolsonaristas.
Em 2º lugar, de fato houve uma polêmica sobre a homossexualidade em Babilônia.
A novela tinha um casal de gays e um casal de lésbicas. E a polêmica toda começou exatamente por causa do casal de lésbicas, que eram mulheres de idade já avançada (interpretadas pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg) e que tinham uma cena de beijo na boca logo no início da novela.
Como eu disse, casais do mesmo sexo já tinham aparecido em novelas anteriores (inclusive com cenas de beijo na boca) e não houve nenhum grande problema por causa disso. Mas, como aqui a situação envolvia mulheres com mais de 60 anos, acho que a rejeição de certas pessoas foi principalmente por causa disso. Afinal, nós nos habituamos culturalmente com aquela ideia de que mulheres mais velhas não têm vida sexual ativa. Imaginem então vida sexual ativa com uma pessoa do mesmo sexo!
Pode não parecer à 1ª vista, mas liberdade sexual feminina na velhice ainda é um super tabu na sociedade brasileira!
Mas falando especificamente da questão ‘evangélicos contra Babilônia’, o que incomodou eles de fato na novela é que a história mostrava 2 vilões evangélicos (interpretados pelos atores Marcos Palmeira e Arlete Sales), retratados como agressivos e preconceituosos contra quem tivesse qualquer comportamento diferente do que era seguido por eles.
Ué?! Por acaso vocês nunca viram pentecostais e neopentecostais que são 100% isso? Que se enquadram exatamente nessa definição?
Só acho que a novela errou num ponto: os personagens evangélicos vistos aqui eram ricos; os pentecostais e neopentecostais que se comportam com um radicalismo tão extremo e explícito, pelo menos na maioria das vezes, são de classes mais pobres (aliás, algo que a gente vê em todas as religiões é que o fanatismo se manifesta com mais força entre os praticantes mais pobres da religião).
Como seja, os pentecostais e neopentecostais acham que podem falar o que quiserem de ofensivo e também fazer o que quiserem de ofensivo contra outras religiões e outros estilos de vida, sob a justificativa de que “NÓIS TÁ PREGANDO!!!”. Mas eles tratam esse direito autoproclamado como uma via de mão única: se alguém que não é pentecostal ou neopentecostal der um pio contra a religião deles ou contra o estilo de vida deles, eles declaram guerra contra essa pessoa.
Então, a novela não mostrou nenhuma mentira sobre esse assunto. O problema é que com certeza teve gente que vestiu a carapuça quando viu essas cenas, né?
Vale lembrar mais uma coisa sobre esse assunto, já que os grupos religiosos mencionados acima têm essa paranoia extrema contra a Globo e passam as 24 horas do dia deles falando mal dos programas da Globo...
Eu não sou fã da maior parte dos programas atuais da Globo. Mas nunca ouvi dizer que a Globo acorrenta ninguém em frente à televisão nem força ninguém a ver os programas dela. Se um evangélico não gosta de algum programa global que alguém está assistindo, por que ele não levanta e sai dali?
Ou, se ele quiser ficar na sala e viu alguma cena de um programa da Globo que não está agradando, existe uma coisa chamada controle remoto. É só mudar de canal ou desligar a televisão.
Simples, né? Mas é isso que eles fazem? Não. Eles querem é ficar compulsivamente falando mal de alguma coisa, se metendo na vida dos outros e tentando forçar os outros a passarem a seguir a mesma opinião e o mesmo comportamento deles.
Aliás, eles dizem que não se pode usar a palavra “forçar” porque, quando eles tentam nos levar pra igreja deles, eles não estão com armas apontadas pra nós. Então, não estão “forçando” nada... Isso é pra rir, né? Se você repete a mesma coisa 50 vezes pra uma pessoa, num tom que vai ficando cada vez mais surtado conforme a pessoa vai respondendo “Não!” e achando que a pessoa tem o dever e a obrigação de concordar com tudo o que você está falando, isso não é tentar forçar?
Bom, já que a novela foi dirigida pelo Dennis Carvalho, vale lembrar que eu já indiquei aqui outra produção dirigida por ele: Sai de Baixo (1996).
Mais informações sobre Babilônia? Lá vai:


E dê uma clicada aí do lado em ‘seriados’ que você acha o post sobre Sai de Baixo.
Até a próxima!

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